Cúpula em Buenos Aires Marca Transferência do Comando do Bloco e Destaca Desafios Econômicos e Políticos
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou, nesta quinta-feira (3), da Cúpula do Mercosul realizada no Palácio San Martín, em Buenos Aires, onde assumiu oficialmente a presidência rotativa do bloco, que terá duração de seis meses até o início de janeiro de 2026. A cerimônia contou com a presença do presidente argentino Javier Milei, que recebeu Lula e os demais chefes de Estado do Mercosul, como Paraguai, Uruguai e Bolívia.
Apesar do protocolo do bloco prever encontros bilaterais entre os líderes, não houve reunião entre Lula e Milei, refletindo a relação fria e marcada por divergências ideológicas entre os dois presidentes desde a posse de Milei em dezembro de 2023. Milei, conhecido por suas posições ultraliberais e críticas ao PT e a Lula, já havia declarado publicamente ataques ao presidente brasileiro, enquanto Lula evitou encontros diretos e manteve uma postura institucional.
Durante a cúpula, Lula apresentou os cinco eixos prioritários que guiarão a presidência brasileira no Mercosul: fortalecimento do comércio interno e com parceiros externos, combate às mudanças climáticas com foco na transição energética justa, desenvolvimento tecnológico, enfrentamento ao crime organizado e promoção dos direitos dos cidadãos do bloco. O presidente enfatizou a importância do Mercosul para a proteção econômica e política dos países membros em um cenário global desafiador, destacando que o Brasil buscará consolidar sua posição no novo tabuleiro internacional.
Acordo de Livre Comércio Entre o Mercosul e a União Europeia
Um dos principais objetivos da gestão brasileira será a conclusão do acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia, tratado negociado por mais de duas décadas e que enfrenta entraves, especialmente na área ambiental. Lula comemorou também o recente acordo entre o Mercosul e a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA), que inclui Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein, criando uma zona de livre comércio para cerca de 300 milhões de pessoas e um PIB combinado de mais de 4,3 trilhões de dólares.
Além da agenda econômica, Lula aproveitou a visita para se reunir com a ex-presidente argentina Cristina Kirchner, que cumpre prisão domiciliar por decisões judiciais relacionadas a processos de corrupção. Essa reunião reforça a estratégia do presidente brasileiro de manter diálogo com setores diversos da política argentina, mesmo diante das tensões com o atual governo de Milei.
A presidência rotativa do Mercosul pelo Brasil representa uma oportunidade para o país liderar esforços de integração regional e de inserção internacional, com foco na retomada do crescimento econômico e na promoção da cooperação entre os países sul-americanos.
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