IA toma conta dos palcos, dos bastidores e das conversas de negócios no maior evento de tecnologia da América Latina
Quando cheguei no Rio para o Web Summit 2025 tinha um propósito bem claro: Captar todas as informações possíveis sobre IA, mas não esperava o tal realidade: A Inteligência Artificial no Web Summit Rio 2025 deixou de ser apenas um tema entre tantos para se tornar a força dominante do evento.
A Inteligência Artificial no Web Summit Rio 2025 foi mais do que uma tendência — tornou-se protagonista absoluta. Durante os quatro dias do evento, realizado no Riocentro, no Rio de Janeiro, ficou evidente que a IA não está mais no campo da experimentação. Ela já integra estratégias, produtos e decisões de empresas que buscam competitividade em um cenário cada vez mais tecnológico e dinâmico.
Com mais de 34 mil participantes de 102 países e quase 1.400 startups, a terceira edição do Web Summit Rio foi marcada por um entusiasmo realista: sim, a IA oferece oportunidades revolucionárias, mas também exige responsabilidade, governança e preparo técnico. A combinação desses fatores tornou o evento um marco para o debate e a prática da transformação digital baseada em inteligência artificial.
Um novo tempo para a infraestrutura de TI
A fala de Márcio Aguiar, diretor da Nvidia para a América Latina, trouxe uma mensagem clara aos gestores de tecnologia: estamos diante de uma reinvenção profunda da área de TI. Ele ressaltou que os líderes precisam repensar toda a infraestrutura para que ela seja capaz de suportar as novas demandas geradas pela IA. A Nvidia, hoje avaliada em US$ 2,9 trilhões, fornece chips e plataformas cruciais para a implantação da inteligência artificial em larga escala.
Essa mudança estrutural exige que CIOs e líderes de tecnologia revisem não apenas sistemas, mas também os processos internos e a forma como a informação é tratada, armazenada e acionada. Tudo está mudando — e de forma muito rápida.
Agentes de IA: a nova fronteira da automação
O próximo grande passo é a ascensão dos agentes de IA — softwares autônomos que podem interagir com usuários, coletar dados, tomar decisões e executar tarefas sem necessidade de intervenção humana constante. Esses agentes já estão sendo integrados a sistemas empresariais e, em breve, poderão estar também em robôs com funções práticas em ambientes domésticos e industriais.
A robô humanoide Desdemona, por exemplo, participou do evento com uma apresentação interativa, demonstrando não apenas as capacidades técnicas da IA, mas também seu potencial simbólico e cultural. Ao subir ao palco, Desdemona chamou a atenção para o nível de sofisticação que essas tecnologias já atingiram.
OpenAI e o avanço dos modelos generativos
Para Nicholas Andrade, diretor de relações governamentais da OpenAI na América Latina, a IA vive mais uma inflexão importante. Ele prevê uma queda significativa no custo das APIs e uma disseminação ainda maior dos agentes autônomos. A IA generativa, impulsionada pelo ChatGPT desde 2022, está abrindo novas fronteiras para produtividade e criatividade.
Segundo Andrade, estamos saindo de uma fase de automação pontual para um novo patamar, no qual a IA não apenas executa tarefas rotineiras, mas também realiza atividades que antes eram consideradas inviáveis sem intervenção humana. Esse avanço traz impactos diretos para áreas como atendimento ao cliente, desenvolvimento de software, análise de dados e até tomada de decisão estratégica.
Microsoft: governança e capacitação como pilares
A presidente da Microsoft Brasil, Priscyla Laham, destacou a importância de criar uma base sólida de governança para lidar com o crescimento dos agentes de IA. Em sua fala, ela comparou o treinamento desses sistemas ao preparo de um novo funcionário: é necessário garantir que ele entenda as regras, os limites e os objetivos da organização.
Além disso, Priscyla alertou para a urgência de qualificar a mão de obra. O avanço da IA está tornando obsoletos diversos modelos de trabalho tradicionais, e a capacitação precisa acompanhar esse ritmo para evitar exclusões. Essa preocupação com os efeitos sociais da automação marcou presença em várias discussões durante o evento.
Startups ganham protagonismo com IA no DNA
O foco dos investidores também refletiu essa nova realidade. Segundo Hernan Kazah, da Kaszek Ventures, há um movimento claro de interesse por startups que já nascem com a IA como elemento central de seus modelos de negócio. São empresas que enxergam problemas antigos com ferramentas novas, e que só existem porque a tecnologia atual permite.
A startup DigAí, por exemplo, foi a vencedora da competição de startups do Web Summit Rio 2025. Com soluções baseadas em inteligência artificial, a empresa brasileira demonstrou como é possível usar algoritmos para personalizar experiências digitais e melhorar a comunicação entre marcas e consumidores. A presença de startups no evento cresceu 31% em relação a 2024 — um dado que simboliza bem o momento da tecnologia no país.
O desafio da regulação e os limites éticos
Enquanto as oportunidades são celebradas, os riscos também estão no centro da agenda. A regulação da IA foi outro tema amplamente discutido no Web Summit. Empresas, governos e sociedade civil precisam encontrar um equilíbrio entre liberdade de inovação e proteção de direitos.
A ausência de regulação pode abrir brechas para uso indevido, violações de privacidade e ampliação de desigualdades. Por outro lado, um excesso de regras pode sufocar iniciativas promissoras. O consenso no evento foi que esse equilíbrio será possível com transparência, governança e participação multissetorial.
IA como ferramenta de transformação social
Além do impacto econômico, a Inteligência Artificial no Web Summit Rio 2025 também foi retratada como instrumento de transformação social. Ferramentas que automatizam atendimentos em serviços públicos, otimizam diagnósticos médicos ou melhoram a logística de distribuição de alimentos são exemplos de como a IA pode ajudar a solucionar problemas estruturais do país.
Essa visão ampliada da tecnologia foi reforçada por diversos painéis e workshops que abordaram a inclusão digital, o uso de IA em políticas públicas e o papel da tecnologia na educação de populações vulneráveis. A inteligência artificial, portanto, é vista não só como vantagem competitiva, mas como recurso estratégico para o desenvolvimento sustentável.
O MOMENTO É AGORA
O Web Summit Rio 2025 mostrou, de forma clara e contundente, que a inteligência artificial está redesenhando as bases da inovação. De gigantes da tecnologia a startups em ascensão, de especialistas a investidores, todos os olhares se voltam para a IA como vetor de mudança.

Arquivo pessoal: Equipe de Empreendedores de Brasília na Caravana do Sebrae DF
A Inteligência Artificial no Web Summit Rio 2025 não foi apenas uma presença marcante — foi o fio condutor de praticamente todas as discussões. E isso exige ação imediata. Quem deseja se manter relevante no mercado precisa estudar, testar e aplicar a IA em seus processos, produtos e estratégias.
O futuro chegou, e ele já está sendo moldado por máquinas que aprendem, pensam e colaboram. O desafio, agora, é humano: como vamos nos adaptar, educar e evoluir junto com elas?
























